Reproduzo abaixo brilhante coluna de Claudio Carsughi sobre as dívidas dos clubes com os cofres públicos. Concordo integralmente com ele. E você?
Um bando de irresponsáveis e perdulários caloteiros
Se você deixar de pagar impostos, vai ter muitos problemas. Seu nome irá para
a lista de inadimplentes, depois outras providências legais serão tomadas pelo
Governo, podendo chegar à exproprião e licitação pública de seus bens para que o
Erário seja ressarcido. Enfim, uma tragédia que marcará para sempre sua
vida.
Se você tiver uma empresa, sobretudo se for pequena ou média (para os grandes
conglomerados sempre existe uma saida), e não pagar direitinho os impostos, os
problemas irão se acumular. E, provavelmente, você acabará perdendo tudo o que
tem.
São situações delicadas, dependendo de como ocorrerem podem até suscitar
pena, mas, no fundo, as medidas legais obedecem a uma lógica rigorosa. Pagar os
impostos é um dever para com a comunidade, se você não paga, alguém terá que
pagar um pouco mais do devido (leia-se novos impostos) para tampar o buraco das
contas públicas.
Neste panorama, existe, porém, uma clamorosa exceção. Se sua impresa se
dedicar a vestir com uma camisa e um calção saudáveis garotões e lhes der como
tarefa a de correr atrás de uma bola, pagar os impostos vira um hobby. Na
prática, paga quem quer, e quando quer.
Isto pela razão de não haver um responsável por um clube de futebol. Seus
dirigentes passam, fazem dívidas enormes, e a vida segue. O clube se torna um
devedor contumaz e insolvente. E o dinheiro que seria de todos nós, a começar
pelo FGTS, some, em que pese o fato disto constituir um crime que poderia levar
até à prisão.
Estas considerações me ocorreram ao ler, nas últimas semanas, interessantes
trabalhos realizados pela PLURI Consultoria, uma empresa de Curitiba
especializada em pesquisa, gestão e marketing esportivo. Num deles, se lê – em
extrema síntese – que os 14 clubes com maior receita do Brasil devem cerca de R$
1,9 BILHÕES em impostos e contribuições não recolhidas. Um absurdo, pois isso
representa dinheiro tirado – indiretamente – do bolso de todos nós.
Como não existe, juridicamente, um responsável por cada clube, a farra é
total. Levando-me a considerar que somente a urgente transformação dos clubes de
futebol em sociedades anônimas, onde, por lei, existe um responsável legal, que
pode até pagar com os próprios bens, resolveria, a longo prazo o problema. E,
possivelmente, acabarimos vendo uma interessante mudança de atitude. Todos os
cartolas que juram estarem sacrificando seus tempo em pról do clube do coração,
quando postos à frente da responsabilidade direta dos próprios atos, mudariam de
idéia. E a presidência de um clube de futebol não mais seria um cargo altamente
ambicionado mas, talvez, algo a ser cuidadosamente evitado… por parte desse
bando de irresponsáveis e perdulários caloteiros que infesta nosso futebol.